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Mostrando postagens de abril, 2009

Reflexo

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O lago era gélido e negro. Haveria alguma vida naquele lugar? Minha dor pulsava. “É culpa minha, os matei! Lara! Paulo!”. Deixei-me cair à beira das águas, engolia uma saliva grossa tentando manter meu terror preso no peito. Só queria que tudo terminasse, que não existisse mais fôlego nos meus pulmões. Tentei levantar, mas era em vão, as minhas forças se esvaíram sugadas pelo medo que me tomava. Fiquei de bruços, arrastando-me lentamente para perto do lago. “Esse lago será meu fim! Irei para as suas profundezas! Minha dor finalmente acabará!”. Em toda minha vida andei olhando para cima, no fim me arrasto na lama. Não foi a morte que me esperava na água, era um mostro. Um reflexo negro de uma pessoa sorria para mim. -Achas que tua dor vai terminar tão fácil? – disse-me o monstro por entre um sorriso macabro. Não respondi, estava paralisado. -RESPONDA! VERME! - Que... Quem é você?- disse em pânico. -Ha Ha ha! Quem sou eu? Você irá descobrir!- sua risada era grotesca, como gritos de horro

Sim

“Sim”. Às vezes pequenas palavras são o limiar que precede grandes acontecimentos. Como encontrar a mulher que pode mudar nossas vidas, dar alegrias e sentimentos tão vivos que até então nos eram desconhecidos. “Sim”. Foi a resposta que dei ao convite de sair naquela noite. Clube de salsa, o lugar mais improvável para me encontrar, meu conhecimento de dança era limitado a dois pra cá dois pra lá de uma valsa. Há no homem uma sensação parecida com um sexto sentido, quando algo vai acontecer nos sentimos diferentes, como uma força nos puxasse a um destino impossível de escapar, e temos total conhecimento dessa força. Às vezes é um nervosismo repentino ou a preocupação com algo que nos é desconhecido. Assim que me senti ao entrar naquele clube, sabia que o meu destino me puxava pra lá. O ar era um pouco pesado, aquela mistura de perfumes e suor dos que dançavam. Pessoas rodavam na minha frente em movimentos uniformes e rápidos. Aquilo era um pesadelo para um “pé de chumbo” como eu. Fui se

Fleurs de la Rivière

Para aqueles que vivem na escuridão, a beleza nada importa. Vivemos de palavras, nossos corações balançam com um perfume, perfume de mulher. Quando perdi a luz dos olhos, meu mundo desabou. Afundei-me em minhas próprias sofreguidões, meu coração enxergava menos que meus olhos. Minha rotina se limitava ao mesmo café de sempre, na rua “fleurs de la rivière”, e o restaurante na esquina dessa. Todas as manhãs meu café preto e puro me saudava, aquele aroma penetrante que me fazia esquecer os que estavam ao meu redor. Foi numa manhã que senti seu perfume a primeira vez, não era forte, mas chamativo e pulsante, como se penetrasse a minha alma chamando-me para fora do meu poço de escuridão, seu perfume. Quando não temos algum sentido, ou outros se afloram, sabia que a pessoa que tinha aquele tão inebriante perfume havia sentado na minha frente. Há oportunidades que nunca voltarão em nossas vidas, podemos perder futuros amigos por um sorriso, e amores por palavras simples como “olá”. Não tinha

Rosas

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Ela era bela, não com traços dionisíacos, mas suaves e simples, quase rústicos, seus cabelos ondulados refletiam um brilho dourado. Ela sorria, e como era magnífico e terrivelmente arrebatador aquele sorriso, daqueles que os poetas buscam sem sucesso descrever. Andréa, esse era o seu nome. Lia algo, sentada no gramado perto das rosas, era como se toda a natureza tivesse nascido a partir dela, ao seu redor, como se as flores só completassem sua beleza, os pássaros só entoassem um belo canto, ao seu lado. Tudo fez sentido naquele instante, não que houvesse achado as respostas, mas sim um sentido para elas. Ninguém é completo sem um amor. Ainda não tinha me visto, também nem sei se me reconheceria, era segunda vez que a via, andava em sua direção com a determinação de um amante. Parei. O que faria ali? Eu seria como um borrão numa pintura belíssima. Continue a contemplá-la, ansiava que a euforia daquela visão diminuísse , que meu coração se acalmasse, e minha mente a rejeitasse, mas era i