Rosas
Ela era bela, não com traços dionisíacos, mas suaves e simples, quase rústicos, seus cabelos ondulados refletiam um brilho dourado. Ela sorria, e como era magnífico e terrivelmente arrebatador aquele sorriso, daqueles que os poetas buscam sem sucesso descrever. Andréa, esse era o seu nome.
Lia algo, sentada no gramado perto das rosas, era como se toda a natureza tivesse nascido a partir dela, ao seu redor, como se as flores só completassem sua beleza, os pássaros só entoassem um belo canto, ao seu lado. Tudo fez sentido naquele instante, não que houvesse achado as respostas, mas sim um sentido para elas. Ninguém é completo sem um amor.
Ainda não tinha me visto, também nem sei se me reconheceria, era segunda vez que a via, andava em sua direção com a determinação de um amante. Parei. O que faria ali? Eu seria como um borrão numa pintura belíssima. Continue a contemplá-la, ansiava que a euforia daquela visão diminuísse , que meu coração se acalmasse, e minha mente a rejeitasse, mas era inútil. Tudo aumentava.
Sussurrava seu nome, como se apenas de pronunciá-lo a traria pra mim, ilusão tão real e curta quanto a pronuncia. Somos assim, nos homens, quando encontramos um amor, reunimos todas as forças que nos restam para fugirmos, preferimos umas paixões controláveis, que sermos vulneráveis ao amor.
Contudo olhando-a nada disso fazia sentido, minha vida não fazia sentido, como pude estar tanto tempo sem ela, sem olhá-la. Este exagero dos românticos, estas hipérboles amorosas, não há como negá-las.
Estava tão perdido em minhas lutas que nem a vi se aproximando, fitei seus belos olhos negros, estava pronto para declarar-me, ela vinha em minha direção.
Estava com uma rosa na mão, passou por mim, não me reconheceu, e eu me calei, apenas a olhava partindo.
A rosa, de tudo não me esquecerei da flor que estava perto de seus lábios, e na hora me veio à pergunta: “Sabe porquê as rosas tem espinhos?”.
Porque tudo que é muito belo, ou muito maravilhoso tem o poder de machucar.
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